
IDEIAS PARA ADIAR O FIM DO ENSINO DE ARTE: PARAFRASES E TECITURAS
Vera Penzo – UFMS
Sandra Palhares – UMinho
Resumo:
Considerando a experiência de ensino e de formação de professores de arte ao longo de um processo de quase 20 anos e a pesquisa de pós-doutorado, na UMinho, com apoio do CNPq, sou compelida a refletir sobre como o processo de ensino e aprendizagem em artes visuais pode contribuir para superar os desafios da ebulição climática, estética e política nos quais estamos vivendo. Recorro à poética narrativa de Louis (2024) para afirmar que mudar é o método, sobretudo porque o olhar que apresento emerge da classe trabalhadora como uma forma de nela encontrar respostas. Como porta voz das operárias da educação e permanecendo fiel a um pensamento contemporâneo, histórico e crítico faço uma paráfrase ao pensamento de Krenak (2025) para discorrer sobre ideias para adiar o fim do ensino de arte. Ideias em construção, em processo, tendo como premissa o entendimento de que a espécie humana, como reprodutora e criadora de si mesma, se projeta para o futuro e, nestes termos, conforme nos mostra Vigotski (2009) é criadora. Então, os questionamentos surgem aos montes: estamos diante da destruição eminente da própria humanidade? Qual educação é necessária para o enfrentamento dos desafios da contemporaneidade? Existe um caminho? Ou esses caminhos são múltiplos? Falaremos de sujeitos do mundo ou de sujeitos no mundo? Quais as contribuições do ensino de arte para a superação destes desafios? A arte e os escritos de Esbel (2016, 2018) nos falam do presente como passado, do instituído como final, da ligação com a terra, com a natureza e com a proporia humanidade para que a ação contínua de mudança e transformação da realidade possa ser vislumbrada. Apontamos para a materialidade forjada nas contradições da sociedade capitalista, como contraposição ao fim da biodiversidade e da diversidade de pensamento. Posso apresentar respostas, mas a única certeza é que não há uma resposta, mas que existe sim a necessidade de superar a tecnocracia destruidora e fascista, apontando para a defesa de novas formas de pensar o ensino de arte – conhecimento e método, teoria e prática, sociedade e arte. Esse resumo tão somente apresenta as ideias iniciais, com a intenção de compartilhar saberes e dissabores, numa teia tecida nas entranhas do saber milenar e esquecido, correndo o risco de se perder nos fios que tecem uma complexa cultura multideterminada. A arte é o caminho para entender esse percurso e o ensino de arte se abre para as inúmeras possibilidades criativas, por meio de práticas que precisam subvertem o mundo delimitado por leis sem sentido. A intenção dessa comunicação é mostrar os caminhos trilhados, fazendo aproximações com um pensamento crítico que se instituem para além das fronteiras e que aproximam continentes.
Palavras-chave: artes visuais; conhecimento; sociedade.
Referência Estética e bibliográfica:
ESBEL, Jaider. Arte indígena contemporânea e o grande mundo. 2018. In: https://select.art.br/arte-indigena-contemporanea-e-o-grande-mundo/.
Louis, Édouard. Método: Mudar. Editora Todavia, São Paulo, Brasil. 2024.
KRENAK. Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. Editora Antígona, Lisboa, Portugal, 2025.
Vigotski, Lev. Imaginação e criação na infância. Editora Cortez, São Paulo, Brasil. 2009.
Jaider