Caras(os) Associadas(os) e Professoras(es),
Vivemos, desde a passada semana, num “Mundo DIFERENTE”, num novo modelo social (que se espera temporário), que obriga a que todos nós reconfiguremos os nossos habituais moldes de ação, quer do ponto de vista pessoal, quer profissional e social.
Também a Escola, teve, nos últimos dias, de reconfigurar a sua modalidade de intervenção na comunidade, aproximando-se de todos os elementos das suas comunidades educativas, recorrendo a formas inusitadas até à data, e levadas a cabo com caráter de urgência. Tudo se precipitou com celeridade, tendo em conta a rápida disseminação da COVID-19, levando a que todas as organizações educativas se vissem obrigadas a implementar planos de ação/intervenção urgentes, na perspetiva da continuidade das “atividades letivas, numa frenética tentativa de conseguir responder, em tempo útil, a um apelo único da sociedade civil. Todo este trabalho intenso tem sido realizado pelos mais variados elementos das comunidades educativas (com especial relevo para os alunos, professores, pais e encarregados de educação e diretores), mas também por parte das mais diversas organizações científicas e profissionais.
Continuamos a ser professores (estou a cumprir o meu horário de trabalho comunicando com os meus alunos nas plataformas que são possíveis) e agora somos pais a tempo inteiro (orientando nas atividades da escola e fazer com que se sintam bem e felizes). Compreendo que não seja nada fácil, para muitas famílias gerir tudo isto, mas temos que ver o lado positivo e ser otimistas. Também não tenho parado, alias, o trabalho intensificou nos últimos dias! Mas, apesar disso sinto que se estão a fortalecer laços entre colegas e alunos, entre família e amigos! Precisamos de estar unidos, penso que a ajuda de todos é sempre uma mais valia, porque a situação não é fácil e a carga psicológica que envolve tudo isto é demasiada, temos que ter a cabeça “fria” para caminhar a direito. Pensando bem, ajudando outros, também nos estaremos a ajudar a nós mesmos! Vejo este momento como mais um novo desafio. Penso que estamos a construir algo novo na educação e na relação com os outros. Enfrentamos o desconhecido e, assimilamos novas formas de aprendizagem que possam ser úteis para nós enquanto docentes e que despertem mais curiosidade, interesse e motivação para os nossos alunos. Estamos a construir uma nova Era na Educação?
Professora Maria do Carmo, 20-03-2020
Reconhecemos que, até à data desta crise de saúde pública, a Escola, e os seus profissionais, sempre responderam com prontidão, assertividade, esforço e qualidade, aos mais variados apelos da Sociedade, colocando em marcha os seus planos de ação, as suas ferramentas e metodologias de trabalho, fruto de décadas de experiência e decorrentes da especialização de todos os seus profissionais. No entanto, este desafio que hoje lhe é colocado, é um desafio totalmente novo e imprevisível. Mais, este grande desafio, desintegra parte da plataforma em que a Escola, na esmagadora maioria do seu limite de ação, sempre esteve sustentada: um regime de atuação presencial, entre todos os seus atores, assente em dinâmicas de ensino e de aprendizagem levadas a cabo em ambiente de sala de aula, com recurso pontual às denominadas Tecnologias de Informação e Comunicação (acima de tudo no que concerne às de comunicação à distância). Assim sendo, o que hoje se coloca à Escola – dar continuidade a um ano letivo, iniciado no paradigma de sempre (presencial), assente agora num novo regime de trabalho à distância – por si só já seria suficientemente complexo. No entanto, a tudo isto se junta uma realidade ainda mais intrincada – as condições sociais/familiares do seu público-alvo, foram, na maioria dos casos, profundamente alteradas. Durante as próximas semanas, as famílias portuguesas, encontram-se a viver novos paradigmas, quer do ponto de vista de dinâmicas familiares, de dinâmicas profissionais e até de dinâmicas pessoais. Mais, num futuro muito próximo, familiares das nossas crianças e jovens poderão ser afetados pela quarentena, pelo isolamento profilático e pela doença.
Relembramos que existe um grande fosso digital, que nem todos os portugueses têm acesso a computadores, internet ou smartphones. E alertamos os professores e professoras para não aumentar mais ainda as desigualdades sociais que existem na nossa sociedade.
Relembramos também a importância das capacidades sensoriais e os perigos de uma exposição demasiado longa aos ecrãns do computador.
É, com base em todas estas condições (e nas demais que surgirão, a curto e médio prazo) que a ação pedagógica docente se deve reorientar. Num momento de emergência nacional como o que hoje vivemos, não só teremos de alterar o modelo/metodologia da nossa intervenção pedagógica, mas, acima de tudo, repensar modelos pedagógicos a partir dos documentos orientadores emanados pela tutela (nomeadamente no “Perfil dos Alunos à Saída Obrigatória), que linhas estruturantes deveremos utilizar, enquanto guia da nossa ação, enquanto professores.
A APECV – Associação de Professores de Expressão e Comunicação Visual, enquanto organização científica das Artes Visuais, apela aos docentes em geral, e, em particular os professores da área artística, que as suas práticas, neste momento particular devam promover, mais do que nunca, uma articulada ação promotora da diminuição de desigualdades sociais; da ecocidadania e de uma cultura para a paz. Sugerimos algumas linhas orientadoras:
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Não planificar atividades online que exijam muitas horas no computador – Privilegiar tarefas curtas online
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Fornecer sempre alternativas analógicas para o envio de tarefas e de trabalhos no caso de os alunos não possuírem recursos tecnológicos em casa.
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Planear atividades de aprendizagem centradas em capacidades e não em conteúdos (utilizar como documentos orientadores as Aprendizagens Essenciais homologadas (2018/2019) e nunca as Metas).
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Planear atividades com tópicos centrados na vida das crianças e dos jovens – não esquecer que é importante exprimir os sentimentos.
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Dar bastante tempo aos alunos para realizarem as suas tarefas de aprendizagem – o tempo é importante para desenvolver a criatividade.
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Planear atividades que impliquem uma observação atenta do entorno, inserindo sugestões para orientar a atenção.
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Planear atividades que fomentem o espírito crítico, inserindo perguntas para ajudar a aumentar os pontos de vista.
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Planear atividades que fomentem respostas múltiplas para promover a diversidade de pontos de vista.
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Não sobrevalorizar o desenho realista: os objetos, as pessoas, animais e o entorno não têm que ser mimeticamente representados.
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Os conteúdos ligados às representações convencionais (geometria; perspetivas; etc) nunca devem ser um fim, mas apenas meios para compreender a percepção das formas e do espaço.
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Enviar sempre comentários positivos sobre o trabalho dos alunos, a avaliação deve ser sempre feita de um modo construtivo.
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Planear atividades que deixem fluir a imaginação.
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Nas planificações dar sugestões de sítios na Internet onde os alunos possam encontrar informações correctas, por exemplo links para museus virtuais; documentários fidedignos; filmes não comerciais (ver sugestões de cineclubes por exemplo).
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Privilegiar a comunicação através das plataformas virtuais que os alunos normalmente utilizam para comunicar entre eles.
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Utilizar ferramentas online de construção de páginas da Internet e de e-portfolios de acordo com as faixas etárias dos alunos. Sugerimos que sondem sempre as preferências dos alunos e que tenham em conta a facilidade de navegar; tamanho e velocidade do envio de conteúdos e a salvaguarda da proteção de dados antes de optar por uma solução . Se precisarem de ajuda estamos disponíveis para ajudar os professores(as) com os aspetos técnicos .
Acreditamos que cada um(a) dará o melhor de si, neste momento ímpar, e que JUNTOS construiremos uma realidade mais inclusiva e comunitária, onde cuidamos reciprocamente de cada um.
O tempo que atravessamos pede-nos alterações rápidas e reinvenções diárias, por isso, encorajamos a PARTILHA.
Somos professores, educadores, artistas, agentes sociais e estamos todos a aprender. Apelamos aos métodos construtivistas (construção da aprendizagem em cooperação), de uma constante união, conversa, respeito e esperança.
É tempo para conversarmos, enviem-nos sugestões, pensamentos, reflexões, dúvidas…
Em cada sub-página do marcador Recursos, na página da APECV , encontrarão páginas interativas que esperam pelas vossas propostas (Exp. Plástica 1º ciclo; Ed Visual 2º ciclo; Ed. Visual 3º ciclo; Desenho; História da Cultura e das Artes; Oficina de Arte; Oficina de Design)
Continuem a contar com a APECV – Associação de Professores de Expressão e Comunicação Visual para esta caminhada, entre outros limites, reforçando o papel central das artes, na educação e na construção de valores humanistas na sociedade.
Continuamos a acreditar na Educação, mais do que nunca.
Os Elementos da Direção da Associação de Professores de Expressão e Comunicação Visual- APECV