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Angela Saldanha, Célia Matsunaga, Marisa Maass

Angela Saldanha, Célia Matsunaga, Marisa Maass

Workshop

Rios que voam

Resumo

Quando plantamos uma árvore construímos uma canoa para alguém que ainda não existe, é um ato de amor pelo universo e pelo futuro da vida. Neste projeto pretendemos construir uma oficina imersiva em que os fruidores poderão navegar simbolicamente nos rios voadores. Os rios voadores, forma-se na floresta Amazónica, e são cursos de vapor de água com milhares de quilómetros de extensão e várias centenas de quilómetros de altura. Quando passam na Amazónia incorporam a produção de água que evapora das árvores das florestas, que produzem milhares de litros de água por dia, essenciais para a biodiversidade e sustentabilidade da terra e, assim, do ser humano. Mas, estes corpos de água, não encerram somente a água das florestas, neles movimentam-se, também, os conhecimentos ancestrais dos povos que nela habitam. Os mitos, os sonhos e tudo o que constrói o onírico navega sobre a água, que sobrevoa as nossas cabeças. A poesia dos rios voadores é de extrema relevância para a construção de uma união entre todos os seres que constituem Gaia, a própria Mãe Terra. A representação desta matéria dual invisível/visível tornasse fundamental na contemporaneidade, para um conhecimento mais amplo da importância dos povos originários que habitam a Amazónia, que nos ensinam a ver holisticamente e de forma transcendental a criação do universo e, desta forma, dos seres humanos. Partilhando saberes ancestrais que nos conectam com a essência da vida, com os conceitos de viagem, de vida/morte, de ciclos e de interdependência planetária. Saberes, que só podem ser compreendidos na fruição. Onde, o Fruir é a aprendizagem em movimento sobre a ancestralidade do futuro. Juntamos nesta oficina, os três tempos (passado, presente e futuro), com a construção de um ambiente que representa a Jipoia Gigante em forma de canoa, a “canoa da transformação”, referenciada pelos povos do rio negro, como a grande impulsionadora da Terra. Esta canoa, origem da vida, era tripulada por “gente peixe”, vinda do universo, e convidada a se movimentar, no lugar onde existe a Terra, por Yebá Buró, a avó do mundo (que se criou a si própria). Os seres que viajavam dentro desta cobra, viveram centenas de anos dentro do seu corpo, para aprenderem sobre a vida no movimento circular, que esta fazia consecutivamente. Depois, desta longa viagem e constante ensinamento, tiveram autorização para romper as paredes e habitar a terra. Esta história, será apresentada metaforicamente, permitindo aos participantes a fruição da movimentação das águas dos rios voadores sobre as suas cabeças, enquanto uma canoa, construída coletivamente, fica à deriva, vazia a flutuar no teto. Esta oficina é, também, constituída por momentos sonoros do movimento das águas e das chuvas – único elemento que liga o céu com a terra-, fertilizando-a e permitindo novos ciclos.

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